A conferência de encerramento dos dois projetos piloto para a devolução de embalagens de bebidas através de máquinas automáticas (RVM) instaladas em superfícies comerciais, liderados no quadro de uma parceria entre as duas associações da indústria de bebidas APIAM / PROBEB e a APED, sinalizou a importância que Produtores e Retalhistas atribuem ao caminho que todos temos (e estamos) a percorrer para uma economia mais circular.
Estas experiências permitiram retirar, nas suas diferentes componentes (operacional, logística, económica e social), importantes contributos para a definição e implementação do futuro sistema de depósito de embalagens de bebidas e foram uma oportunidade para que diferentes entidades pudessem ganhar conhecimento e experiência numa solução de recolha de resíduos de embalagem de bebidas através de máquinas automáticas, até aqui inexistente no nosso País e desconhecida para a maioria os portugueses.
Permitiram aos consumidores participar numa experiência diferente para o encaminhamento dos resíduos de embalagem, conveniente e agradável, compatível com o fluxo semanal das compras familiares.
Permitiram aos produtores de bebidas uma maior consciencialização relativamente aos temas do design para a reciclagem, de modo a garantir a correta aceitação das embalagens pelas máquinas, mas também a necessidade imperativa da criação de fluxos de reciclagem de alta qualidade.
Permitiram aos retalhistas conhecer as condições necessárias para a operação das máquinas RVM nas suas instalações.
Permitiram aos fornecedores de RVM o conhecimento do mercado de bebidas nacional e formarem as sua equipas, de modo a que possam estar melhor preparados para o arranque do SDR.
Permitiram aos recicladores avaliar a qualidade do material recolhido e das vantagens da criação de fluxos de materiais individualizados e mais limpos, com baixo nível de contaminação permitindo a produção de material reciclado seguro para produção de novas garrafas de bebidas.
Espera-se que o sucesso destes projetos possa contribuir para que a Tutela política reforce o sentido de urgência para a adoção de um sistema de depósito em Portugal.
Esta urgência é ainda mais premente face aos exigentes desafios que decorrem da recente proposta do Regulamento Europeu de Resíduos de Embalagem.
Portugal e as empresas portuguesas de bebidas não conseguirão alcançar as metas de redução da produção de resíduos de embalagem, nem as metas de reciclagem e tão pouco as metas de incorporação de reciclado, que estão a ser discutidas ao nível europeu, sem a adoção de um sistema de depósito para as embalagens de bebidas, seguindo o exemplo do modelo já implementado em 13 países europeus.
Para a preparação da implementação deste Sistema de Depósito, a Lei n.º 69/2018 determinou, numa primeira fase, a implementação de um sistema de incentivo, ao consumidor final, sob a forma de projecto-piloto, mas determinou também a implementação de um sistema de depósito a partir de 1 de janeiro de 2022 e já perdemos 1 ano e 2 meses, contribuindo para a prevalência de um modelo de gestão de resíduos baseado numa económica linear, em detrimento de uma solução que visa promover uma economia mais circular que conduza a um aproveitamento sustentável dos recursos naturais e a redução do uso de matérias primas virgens.
Não podemos, nem nos vamos conformar com um cenário de estagnação da taxa de retoma de embalagens, quando estamos preparados para implementar um sistema de em menos de 2 anos poderá alcançar os 90%.
Aumentar a taxa de retoma e promover a circularidade das embalagens é a nossa visão com os olhos postos na implementação de um sistema de depósito, no qual retalhistas e produtores têm vindo a trabalhar arduamente, desde logo através da constituição da associação SDR.
Só falta mesmo a publicação de uma regulamentação adequada